A Argentina se tornou o palco de um projeto que muitos consideram extremamente promissor, enquanto outros o veem como um sinal do controle absoluto e da distopia mais sombria. Em meio à grave crise que o país enfrenta, cada vez mais argentinos estão aderindo à proposta de escanear suas retinas para garantir o acesso a uma “renda básica universal” paga em uma criptomoeda criada por Sam Altman.
Diante da pobreza, muitos cidadãos se dirigem aos estandes da Worldcoin (empresa cofundada por Altman, CEO da OpenAI, em 2023) para usar as “orbes”, dispositivos metálicos com um buraco onde a pessoa coloca os olhos para realizar o escaneamento da retina. Em troca, recebem a "World ID", uma identidade digital que garante um pagamento de US$ 80. Existem mais de 250 pontos de coleta no país, que têm atraído cada vez mais pessoas desesperadas por uma fonte de renda, em um país marcado pela inflação e pelo ajuste fiscal.
Altman já afirmou que a inteligência artificial vai resultar na perda de muitos empregos e que a sua proposta é compensar esse impacto, compartilhando parte dos lucros com a população. A biometria ocular seria exigida apenas para evitar fraudes, garantindo que uma única pessoa não crie várias contas ou que uma IA não se passe por humana ao se cadastrar. Uma bela desculpa, distribuindo migalhas em troca do controle de uma sociedade subdesenvolvida.
No entanto, o projeto tem gerado preocupação em diversos países, principalmente em relação à privacidade e segurança dos dados, especialmente para menores de idade. Espanha, Portugal e Quênia chegaram a suspender a iniciativa, alegando que os usuários não tinham informações suficientes sobre o uso de sua biometria e sobre a impossibilidade de apagar ou revogar o consentimento de seus dados. Vale lembrar que a empresa encerrou suas operações no Brasil recentemente, muito pela enorme pressão popular de políticos e pessoas esclarecidas cientes da grande tirania das BigTechs.
Enquanto isso, a situação não parece ser um obstáculo para o presidente argentino Javier Milei, que recentemente visitou Sam Altman em São Francisco, na Califórnia, para discutir a expansão da Worldcoin na América do Sul. A Argentina já possui o maior número de usuários do serviço, com cerca de 360 mil pessoas cadastradas. Especialistas apontam que essa adesão não está necessariamente ligada à crise econômica, mas sim à afinidade dos argentinos com criptomoedas. De fato, muitos buscaram alternativas como o Bitcoin para se proteger da inflação de 276% no país. A Worldcoin já estabeleceu parcerias com o Mercado Livre para que os dados biométricos possam ser usados como meio de acesso às contas na plataforma.
O projeto, embora pareça uma solução para o desemprego, também levanta questões sobre a possível exploração da vulnerabilidade social. A renda básica universal pode ser uma forma de ajudar as pessoas ou uma maneira de instaurar um controle total sobre o indivíduo? O bolsa família, no Brasil, não está sendo utilizada, a décadas, para o controle político, com o voto de cabresto, de uma população miserável? Esse é o grande dilema.
COMENTEM !!!!!!!!!!!!!!!
Comentários
Postar um comentário